O Caminho do Artista é um livro escrito por Julia Cameron. Esse livro ensina tantas lições valiosas que não é à toa que já vendeu mais de 5 milhões de exemplares pelo mundo.
O livro é dividido em 12 capítulos, cada um contendo uma lição e aprendizado para se desbloquear criativamente, através de exercícios práticos e ensinamentos filosóficos da autora. O livro também explora bastante a espiritualidade, da forma de que Deus nos tornou criativos, e devemos exercer a criatividade.
A experiência do livro deve durar 12 semanas, já que você deve ler um capítulo (e fazer as atividades propostas) por semana.
Livro “O Caminho do Artista''. Foto: Editora Sextante
Páginas matinais e encontro com o artista
Durante toda a leitura do livro, Julia Cameron nos apresenta às páginas matinais e ao encontro com o artista.
As páginas matinais nada mais são do que escrever 3 páginas de tudo o que vier na sua cabeça pela manhã, assim que acordar, e você deve escrevê-las todos os dias, sem exceção.
As páginas, no futuro, vão revelar incríveis coisas sobre você mesmo, já que durante 8 semanas, Julia Cameron pede para que você não leia nada do que escreveu. Quando chegar a nona semana de leitura, poderá ler tudo e anotar todas as coisas que descobriu sobre si mesmo. Lembrando que as páginas matinais, como Julia Cameron enfatiza, é um espaço somente SEU e ninguém ALÉM DE VOCÊ, pode ler as páginas.
Julia explica que se alguém além de você mesmo ler suas páginas, podem atrapalhar consideravelmente a sua recuperação como bloqueado criativo, já que essas pessoas podem dar suas opiniões ou julgar o que você escreve, dessa forma, você ficará fadado a não escrever o que realmente sente ou ficar retraído demais para conseguir superar o seu bloqueio.
Agora falando sobre o “encontro com o artista”, Julia Cameron, ao longo de todo livro sempre diz que nosso artista, o artista que vive dentro de nós, é uma criança que precisa brincar, se divertir e ser confortada. Essa criança é a mesma que foi impedida de ser criativa e se tornar uma artista na infância, por isso devemos, acima de tudo, tomar conta dela. Então, Julia Cameron sempre propõe a nós, uma vez por semana, fazer um encontro com esse artista e fazer algo que nos conecte com o nosso pequeno artista. A autora fala que devemos “fazer qualquer frivolidade", seja colorir, fazer uma colagem ou brincar com cores, o importante é sentir que o seu artista criança está amando aquele encontro.
Eu sempre escrevia as páginas matinais pela manhã (em 3 meses perdi apenas 2 dias e usei 3 cadernos) e no fim da oitava semana me surpreendi com as coisas que havia escrito. Consegui ver as coisas que me irritavam, coisas que me chatearam, vi e anotei todas as coisas que eu falava que queria e sigo realizando-as, assim como pude ver que muitas das minhas queixas podiam ser resolvidas com uma conversa comigo mesma. Outras coisas, como vícios e desconfortos, também os deixei de lado.
No encontro com o artista, durante o período, reescrevi algumas poesias, mas depois de um tempo, minha criança interior sentia vontade fazer outra coisa. Em uma das semanas de aprendizado, Julia Cameron sugeriu fazer uma colagem, tanto com imagens que representam você e o que gostaria de fazer, ou até usar imagens que você simplesmente gostou.
Faziam anos que eu não recortava uma revista para procurar exatamente a figura que eu queria. No fim, fiz um mural repleto de coisas que eu desejo alcançar no futuro. Fazer aquela brincadeira frívola de recortar uma revista velha, fez com que eu sentisse mais vontade ainda de continuar colando e cortando coisas, foi aí que comecei a fazer colagens todos os dias e não senti mais um vazio que a tanto tempo me consumia. Quando terminava a colagem, eu sentia aquele velho cansaço que sentimos quando brincávamos o dia inteiro na rua.
O Sensor: a nossa auto sabotagem e vontade desistir
No livro, Julia fala sempre sobre “O Sensor”. Ele nada mais é do que aquela voz em nossa cabeça que sempre diz para desistir e parar de correr atrás dos sonhos. Por culpa do Sensor é que muitas pessoas param se de ser criativas por se auto sabotarem demais, assim como se auto criticar de uma forma muito severa.
Devo confessar que nunca fui muito auto crítica, então não sofri com o problema de muitos autores e artistas, aquele de achar que tudo que faço é ruim.
A única coisa que sempre ficava em minha cabeça era o medo do sucesso.
O medo do sucesso
É estranho pensar que alguém possa ter medo do sucesso, mas ele acaba acontecendo, principalmente com pessoas inseguras sobre seus talentos e medo de mudanças bruscas.
“Uma das coisas que mais vale a pena notar numa recuperação criativa é a nossa relutância em levar a sério a possibilidade de que o Universo talvez esteja cooperando com nossos planos novos e mais amplos. Tomamos coragem de tentar a recuperação, mas ainda não queremos que o Universo realmente perceba. Ainda não sentimos demais como fraudes para lidar com qualquer tipo de sucesso. Quando ele vem, queremos que ele vá embora.”
Sempre tive muitas oportunidades de fazer qualquer tipo de sucesso, mas até hoje ele me assusta, porque não tem como saber a real intenção das pessoas do lado de fora, nem mesmo dá para saber o que irá acontecer depois que o sucesso vier.
“Se o sucesso não vier, não precisarei sair da minha zona de conforto e da rotina que eu tanto gosto.” Era assim que eu pensava. Eu tinha medo de mudar e medo do que iria mudar na minha vida, não gosto e nunca gostei de mudanças, mas elas são necessárias. E para a minha sorte, todo o sucesso que veio, seja com o lançamento do meu livro, faculdade ou trabalho, foram bem aceitos por mim.
Nunca é tarde para tentar
Outro tópico super interessante tratado em “O Caminho do Artista” e que me renovou as esperanças, foi a ferrenha ideia de Julia Cameron em dizer que nunca é tarde para tentar algo. Lá ela aponta vários casos onde as pessoas desistiram de seus sonhos, mas fala com todas as palavras que nunca é tarde para escrever aquele romance que tanto quer, ou para comprar uma câmera e fazer um filme.
Mesmo que eu tenha apenas 22 anos, tenho sonhos que havia jogado para debaixo do tapete, mas que imediatamente voltaram à minha mente e nunca senti tanta vontade de realizá-los, como por exemplo, aprender piano. Essa vontade de aprender piano me veio aos 16 anos, mais tarde veio aos 18 quando escrevi uma história onde a minha protagonista realiza esse sonho.
Eu já sabia a muito tempo que adorava a melodia de pianos e violinos (que também desejo aprender) já que desde pequena ouvia músicas instrumentais que minha mãe colocava no rádio, e eu simplesmente passava horas escutando com ela.
Sinto que o Universo quer muito que eu aprenda piano, já que entre as duas casas que morei nos últimos 6 anos, a pelo menos 3 quadras da casa, havia uma escola de música.
O poder do não
Julia Cameron brevemente fala sobre este assunto, e aqui gosto de colocar ênfase de como dizer “não” me trouxe para um lugar incrível.
Na mesma semana em que li sobre isso no livro, me deparei com uma situação onde “se eu ficar o bicho come”.
A minha vida toda eu escolhi ser boa para as outras pessoas, no caso, de fazer favores ou coisas parecidas, mas no fundo eu não queria realmente fazer. Fiz apenas para as pessoas não ficarem chateadas ou então porque caí na armadilha da chantagem emocional. Aqui trago exemplos como: ir à baladas, jogar vídeo-game com as pessoas que eu não queria, e coisas assim.
Mas, quando li aquele capítulo, parece que uma chave virou em minha cabeça, principalmente quando Júlia fala que fazer o que não se quer é uma autodestruição.
Com toda certeza eu não queria me autodestruir, e quem diria que aquele ensinamento viria calhar bem na hora em que eu precisava.
Naquela época eu havia entrado em um teste de estágio, em um ambiente que eu julguei que seria SUPER agradável. Os primeiros dois dias foram ótimos, mas então no terceiro, a coisa mudou de figura. Desde muito tempo, prometi a mim mesma que não me submeteria a empregos em que eu não me sentisse confortável ou bem tratada, então quando o terceiro dia chegou (e os próximos) vi como o ambiente era TÓXICO e definitivamente eu não estava feliz, mesmo que eu amasse o que iria fazer por aquela empresa. Quando a sexta-feira chegou, Deus me enviou o sinal que eu tanto pedi, combinado com o que Julia Cameron havia escrito, e decidi, de uma vez por todas, dizer não.
Leia sobre “O poder do não” clicando aqui!
“Não vou aceitar um emprego em que sou invisível, destratada e ainda por cima onde eu não me sinta nada confortável”. Foi o que eu falei para mim mesma, e na mesma hora que cheguei em casa, avisei a todos que seria meu último dia lá.
Mas a história ainda não terminou aí.
As coincidências da vida
No livro, Julia Cameron aponta várias vezes que quando você está decidido a mudar sua mentalidade e começar, as coisas boas começam a aparecer. A energia do Universo começa a mudar ao seu redor.
Julia afirma durante o livro que muitas coisas que “parecem coincidência" começarão a aparecer, e coincidências não faltaram.
Lembra da história que contei acima? Pois bem, enquanto ainda estava na semana de teste de emprego, uma outra empresa (e que trabalho atualmente até agora) entrou em contato (após já ter me recusado antes de forma errônea) e me ofereceu o estágio começando imediatamente.
Fui sem pensar duas vezes.
Vi como realmente as "coincidências" acontecem quando mudamos os nossos pensamentos, e muitas coisas boas chegaram!
Aceitação do fracasso e boas vindas ao novo sucesso
Em mais uma de suas passagens pelo livro, Julia Cameron fala como é importante aceitarmos nossos “fracassos artísticos" e como devemos nos despedir deles para seguir em frente.
“Como artistas, nós sofremos terrivelmente quando o livro não vende, quando o filme não é escolhido pela produtora, quando o comitê não aceita nossas pinturas no salão de arte [...] De a si mesmo a dignidade de admitir a existência de suas feridas artísticas. [...] Todo fim é um começo. [...] Mas tendemos a esquecer quando estamos de luto. Golpeados por uma perda, nós nos concentramos, compreensivelmente, naquilo que ficou para trás, [...] Mas precisamos focar no que está à frente. E, quando o presente dói tanto, tendemos a ver o futuro como mais sofrimento iminente."
Como conselho, ela sugere realmente fazer algo para nos despedir daquele fracasso, e principalmente cuidar do nosso artista interior, aquela criança que está muito triste por não ter conseguido um sucesso.
Enfim, achei meu bloqueio
No fim das 12 semanas de muito aprendizado e crescimento, achei o que estava me bloqueando. Júlia comenta em seu livro sobre a preguiça e procrastinação, e eu pensei que esse era o meu bloqueio, porque eu sentava à minha mesa para escrever, e eu simplesmente perdia a vontade.
Mas analisando mais a fundo, notei que eu só não AGUENTAVA MAIS ficar no computador digitando.
Passo de 10 a 12 horas por dia em frente a um computador, por causa da faculdade e trabalho, então, quando eu sentava para escrever, não queria ficar mais tempo em frente à tela.
Baseado nisso, na minha mais pura rejeição a escrever no computador, passei para o método tradicional: escrever no papel, e adivinha só? Minhas histórias fluíram finalmente.
Além de ter crescido muito com os ensinamentos de Julia Cameron, voltei a ser criativa, voltei a pensar em sonhos que havia esquecido, aprendi que não é errado dizer não às pessoas, enterrei meus fracassos e agora sigo olhando para um futuro promissor que me aguarda.
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